sábado, 29 de janeiro de 2011

Rituais e costumes: quais as tradições você não abre mão?







Sejam de cunho religioso ou fruto de hábitos ancestrais, quais os ritos importantes para você, daqueles que você não esquece e ainda faz questão de perpetuar em seu ciclo de vida?

Fazer parte de um clã é um dos pontos chave da minha prática.
Quase tudo que realizo é voltado para meu clã, que é a família que formei.
Minha espiritualidade tem essa base, mesmo antes de formar essa família.

A família na qual eu nasci tinha também seus costumes, que foram se perdendo com o falecimento de alguns entes queridos.

O natal não era mais o mesmo, sempre com aquela melancolia, repleto de lembranças...muito triste.

Quando conheci o paganismo, com 13 anos, pensei: "_Era isso que faltava pra mim!"
Comecei a enxergar os festivais cristãos como algo simbólico, a morte de outra forma, etc, mas meus familiares não.
Não conseguiam encontrar felicidade.

Entendo que ver alguém que se ama partir é triste, mas e as pessoas que continuam na longa jornada da vida?
Estamos vivos e vamos celebrar, por que não?

Depois de muitos esforços, meu e do meu irmão, para mudar essa tristeza toda e dizer as pessoas que elas precisavam aceitar o fato de que não tem como voltar no tempo e trazer os mortos à vida eu decidi:

"_Assim que tiver minha família, as coisas serão diferentes."

O tempo passou...

Me casei, num rito pagão, tendo como testemunha os Deuses.

Nasceu meu primeiro filho.
Nessa época, eu frequentava o Templo Hare Krisna e aprendi muita coisa.

Primeiro rito de passagem:

Quando meu filho completou 3 meses, meu marido raspou a cabeça dele.
Os Vaishinavas acreditam que é para "tirar" o karma, "limpando" a cabeça do bebê.
O fato é que os cabelos dos bebês caem, por causa da posição em que ficam (deitados).
Se você puder reparar, os cabelos de um bebê é frágil, fininho...
Eu vejo esse ato como início de uma nova fase.
Então juntei tudo isso: Karma, estética e iniciação (confesso que o segundo pesou mais).
Hoje vejo o resultado: meus filhos têm cabelos lindos!
(Queria ter a coragem de raspar os meus...kkk)

Depois de raspado a cabecinha, acendi uma vela, um incenso, etc, num altar improvisado, em cima da mesa.
Eu e meu marido pedimos muitas bênçãos para ele, foi lindo!

Um ano e meio depois refiz esse rito com meu segundo filho.
Agora, depois de seis anos, nasceu minha filha e foi fantástico, porque os irmãos participaram.

Segundo rito de passagem:

Apresentar meu filho à natureza!
Levei meu pequeno a um rio e lá ele foi apresentado aos elementos, à natureza, aos Deuses (sem nomes), por mim e pelo pai.
Fiz dessa forma, neutra, porque é algo que não posso impor ao meu filho. Ele um dia irá definir sua crença, até porque meu marido pertence a outra religião, que eu respeito muito e vice-versa.

Mergulhamos nas águas, esse foi seu batismo.

O mesmo aconteceu com meu segundo filho. Já com minha terceira filha, foi em ordem inversa: primeiro a apresentamos à natureza e só depois raspamos a cabeça.
"A ordem dos fatores não altera o produto", fato.
Terceiro rito de passagem:

A Cerimônia dos Grãos foi quando meu filho comeu pela primeira vez grãos


À medida em que meus filhos crescem, eu e meu marido vemos quais são as necessidades de afirmação e já penso que o próximo rito de passagem será o dos sete anos, deixando de ser "criancinha". Ainda não sei bem como será, mas é assim que vamos construindo aquilo que importa dentro da família.

Outros costumes que não abro mão:

A passagem da Befana foi incorporada ao calendário familiar, é divertido!
Ritos religiosos do meu marido e as estações fazem parte também desse calendário, além de algumas festividades indianas.

Dessa forma criamos laços, criamos momentos que só pertencem a essa família e que, um dia, meus filhos poderão passar aos seus, sabendo que pertencem a um clã, reafirmando isso a cada cerimônia.

Vale lembrar que mais ninguém participa dos ritos de passagem, nem os avós, pois não compreendem a profundidade de gestos não-comuns, porém simplista.

3 comentários:

Aliks disse...

...eu acho incrível como a maioria das pessoas se contentam em seguir um padrão pré-estabelecido...não questionam...não buscam algo que realmente as completem, por simples acomodação, ou por medo de sofrerem algum tipo de preconceito...
Adorei te ver de volta...um beijo grande

Green Womyn disse...

É preciso muita coragem para criar seu próprio clã e colocar em prática os rituais em que vc acredita, Ary. E vc está no caminho certo, há muito tempo.

Beijos!

Ariany Moreira disse...

Oi Liks!
É essa a liberdade que temos quando não se escolhe um rótulo. Pode ser mais difícil construir um caminho do que seguir um pronto, mas são escolhas, né?

Dani!
Fico feliz em ver vc por aqui.