terça-feira, 5 de abril de 2011

Casa, hospital, em casa novamente

Ontem foi um dia estranho.
Acordei muito mau humorada, sentindo um incômodo que não sei de onde vinha.
Após o café da manhã, fui pentear os cabelos do Suraj.
Senti uma dor insuportável e me agachei.

Ele perguntou se eu estava bem e eu nem consegui responder.
Fui para o quarto, deitei de bruços, com um travesseiro em baixo.

Pensei: cólica menstrual.

A dor foi aumentando rapidamente e comecei a chorar, feito uma criança.
Meu marido veio me ver e fez massagem, mas não adiantava.

Me deu dipirona e continuei a sentir aquela dor horrível.

Ele perguntava qual a intensidade da dor e eu só conseguia dizer:
"_É um parto, um parto!"

Era pior que isso, muito pior, porque ela não cessava, não dava nenhuma pausa, como no parto acontece.

Ele perguntou se queria ir para o hospital.
Sim, eu queria muito ir, pois não aguentava mais!

Chegando lá, me colocaram no soro, com buscopan e plasil.
Além da dor, me sentia enjoada, por causa da dor.

Sabe aquela dor que não pára e chega num ponto tão alto que dá enjoo, mas eu sei que não iria vomitar.

O problema não era esse.

O médico achava que poderia ser pedra nos rins.
Minha mãe, "louca", ligava perguntando se eu iria operar.
Do que afinal de contas? Nem o médico sabia o que eu tinha.

A dor demorou para passar, mesmo com buscopan na veia.

Ficou ali, dolorida... não cessava, mas tornou-se suportável.

Pensei na minha bebê, que havia ficado com minha sogra.
Meu peito inchava por causa do leite e eu já nem conseguia mais chorar.

Estava na sala de medicação, onde haviam outros pacientes.

Meu marido não podia me acompanhar por eu ser jovem, então pedi para que ele viesse para casa e não deixasse que minha sogra desse leite de vaca pra nossa filha.

Com a dor sob controle, pude observar aquele lugar.

As enfermeiras fofocando sobre a novela, celebridades e BBB's da vida, enquanto uma senhora, que também estava no soro, reclamava do incomodo de estar sentada numa poltrona (aparentemente confortável). Em outro hospital, ela estava deitada e era o que pedia a situação, aos meus olhos.

Eu disse para a senhora que a poltrona era reclinável. Bastou ela desencostar a poltrona da parede para que ela se transformasse numa cama!

Então veio um homem. Sentou-se e a enfermeira precisava colocar soro nele.
Ela, ao invés de colocar na mão, tentou no ante braço! O sangue dele enguichou.
Ela parece ter ficado nervosa e deixou a agulha escapar.
Lá foi a enfermeira, novamente, furar o rapaz, mas agora na mão. Ele pediu para que fosse no outro braço...

Então uma outra senhora chegou com falta de ar.
Sentou numa cadeira (as poltronas estavam ocupadas) e a enfermeira deu uma máscara com medicamento para ela segurar.
A mangueira do inalador começou a sair e a senhora reclamou com a enfermeira, que respondeu muito mau, dizendo que ela devia encaixar a mangueira e, se soltasse, deveria ficar segurando a mangueira, o medicamento era para ela, e ainda disse que não faria nada a respeito.

Olhei atônita, sem acreditar nas palavras daquela "profissional de saúde".

Uma mulher chegou, com fortes dores.
Sentou-se numa poltrona.

Nesse momento muitos dos pacientes haviam ido embora enquanto eu continuava ali.

A enfermeira disse para que ela sentasse na cadeira (mais desconfortável ainda) por causa do suporte do soro. Ao meu lado havia uma poltrona vaga, com suporte.
A paciente reclamou, dizendo que sentaria ali e a enfermeira disse que não.
Não e um ponto final.
Ou era aquilo ou era continuar a sentir dor.

Não custava nada mesmo ter colocado a mulher na poltrona, mas a enfermeira, arrastando sua sandália, andava feito um zumbi. Uma preguiça estampada no rosto. Não era cansaço ou era?
Deve ser mesmo cansativo ler revista de fofoca e comentar sobre elas...

Fiquei no local cerca de 7 horas, tomando soro e isso foi tudo que vi a enfermeira fazer.
Levantar, colocar soro ou máscara de oxigênio, sentar e "ler".
Em um único momento ela saiu.
Foi comprar pastel e coca-cola.
Em menos de dez minutos já estava na sala.

No final das contas, meus exames estavam normais!
Eu, ainda dolorida, comemorava por não estar doente, mas sentia muito, muito mesmo, por aqueles que continuariam ali.

Pensava na dor que havia sentido e me sentia pequenina perto dos que realmente não estavam bem.

Se eu pudesse abraçaria o Mundo, cuidaria dos pacientes!
Não digo de suas doenças, mas de seu desconforto.
Gestos tão simples poderiam mudar um hospital.
Ao invés de curar doenças, promoveria a saúde!

Hoje desejo que todos os profissionais de saúde tornem-se novamente HUMANOS.

3 comentários:

Aliks disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aliks disse...

...nossa que susto...ainda bem que já passou !!!!!
...realmente é muito triste ter que depender do sistema de saúde no nosso país...!!!!
Bjo grande e melhoras...

Ariany Moreira disse...

Infelizmente, mas é geral...